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5as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos


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5as Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos
         
OBSERVATÓRIO DE HQs (Grupo de Pesquisa)


Logo do Observatorio


O Observatório de Histórias em Quadrinhos é um grupo de pesquisa interdisciplinar da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP) registrado no CNPq. Os encontros mensais geralmente ocorrem na primeira sexta-feira de cada mês na Escola de Comunicações e Artes. As reuniões são abertas a pesquisadores, professores e ao público em geral. Discutem-se livros acadêmicos da área e trabalhos de pesquisa recém-concluídos. O interessado pode conferir mais informações no blog oficial (http://observatoriodehistoriasemquadrinhos.blogspot.com.br/) ou buscando a página oficial do grupo do Observatório de História em Quadrinhos no Facebook.
https://www.facebook.com/groups/866097066811445/


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[Foto 1] Álvaro de Moya, Waldomiro Vergueiro, Sonia Bibe Luyten e Antonio Luiz Cagnin – os pioneiros da pesquisa em quadrinhos na USP.

HISTÓRICO

Como as histórias em quadrinhos se tornaram tão relevantes para o estudo? Como afirmou uma vez o grande mestre e ilustrador Álvaro de Moya, “antes da criança aprender a ler, ela sabe ler as histórias em quadrinhos. A linguagem da história em quadrinhos é uma linguagem universal”. Foi necessário o esforço de um pequeno grupo dedicado de docentes pesquisadores que enfrentaram o preconceito e as burocracias das universidades para produzir e promover o conhecimento na área.

O professor Waldomiro Vergueiro, coordenador do grupo de pesquisa, explica a importância do grupo de pesquisa: “O Observatório de Histórias em Quadrinhos - inicialmente com a denominação de Núcleo de Pesquisas de Histórias em Quadrinhos (NPHQ) - foi o primeiro grupo de pesquisa formalmente constituído no país ligado a uma universidade, dedicado exclusivamente às histórias em quadrinhos. Antes dele, existia o grupo de pesquisa da Intercom, mas tratava-se de um grupo relacionado a humor e quadrinhos, ligado a uma associação de pesquisadores da comunicação. Como um grupo formalmente constituído, o Observatório teve um papel destacado como exemplo ou alternativa de organização da pesquisa na área, representando um modelo para o país. Não foi essa a intenção quando ele foi criado, mas apenas a de oferecer um espaço de discussão e aprofundamento, na Universidade de São Paulo, das questões relacionadas com histórias em quadrinhos e temas correlatos, possibilitando que pesquisadores de todas as áreas, interessados por quadrinhos, pudessem se encontrar, trocar ideias e desenvolver projetos em cooperação. Felizmente, o Observatório conseguiu atrair um grupo muito ativo de pesquisadores, o que fez com que sua penetração no meio crescesse além do que se esperava”. 

Participaram do então Núcleo de HQs pesquisadores como o prof. Francisco Araújo (FAAP e Faculdades Santa Marcelina), Regina Giora (Universidade Mackenzie) e Glória Kreinz (do Núcleo de Divulgação Científica “José Reis”). Além deles, juntou-se ao Observatório, nesse período, o prof. Roberto Elísio dos Santos (então da Universidade Metodista de São Bernardo do Campo e posteriormente do Centro Universitário Municipal de São Caetano do Sul), que desde então assumiu a vice-coordenação do núcleo de pesquisas.

Os quadrinhos nem sempre tiveram abertura e respeito no âmbito acadêmico. Podemos citar o caso do pioneiro das ciências da comunicação no Brasil, professor José Marques de Melo, responsável no final dos anos 1960 por um grupo de pesquisa na Faculdade Cásper Líbero, cujo trabalho resultou num livro (“Comunicação Social – Teoria e Pesquisa”, editora Vozes, 1970) que traçou o raio-X da produção de revistas em quadrinhos editadas no Brasil naquele período. Outra tese pioneira sobre quadrinhos foi escrita por Zilda Augusto Anselmo na década de 1970 (“Histórias em Quadrinhos”, Ed.Vozes, 1975).

Na Universidade Federal Fluminense, o professor Moacy Cirne, realizou pesquisas e publicou livros com uma perspectiva crítica dos quadrinhos, com trabalhos pioneiros que analisavam autores e personagens nacionais. Sua trajetória pode ser lida em “Moacy Cirne: O gênio criativo dos quadrinhos” (autor: Alex de Sousa, ed. Marsupial, 2015). A professora Sonia Bibe Luyten, com passagens pela USP e universidades no Japão e na Holanda, realizou pesquisas pioneiras sobre os mangás (“Mangá – O poder dos quadrinhos japoneses”, Ed. Hedra, 2012) e foi a primeira responsável pela disciplina “Editoração em Histórias em Quadrinhos” no curso de Editoração da USP, que continua ativaaté hoje. Com sua partida para o Japão no início dos anos 1980, a disciplina foi transferida para o professor Antonio Luiz Cagnin, autor de um estudo seminal e detalhado sobre a linguagem dos quadrinhos (“Os Quadrinhos – Linguagem e Semiótica”, Editora Criativo, 2014), realizado sob orientação de Antônio Cândido.

Quando o professor José Marques de Melo assumiu a direção da Escola de Comunicações e Artes da USP em 1989, convidou os professores Álvaro de Moya, Antonio Luiz Cagnin e Waldomiro Vergueiro para criar uma Comissão de Eventos sobre Histórias em Quadrinhos que, em 1990, resultaria na criação do Núcleo de Pesquisa de Histórias em Quadrinhos. Na época professor no departamento de Rádio e TV, Moya foi responsável por um dos livros pioneiros sobre quadrinhos no Brasil (“Shazam”, Ed. Perspectiva, 1970).


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[Foto 2] Reuniões mensais do Observatório de HQs da USP sob a coordenação do prof. Dr. Waldomiro Vergueiro.


O grupo começou a promover o debate e a pesquisa acadêmica até chegar na década de 2000, na atual formação do Observatório de Histórias em Quadrinhos sob coordenação dos professores Waldomiro Vergueiro e Roberto Elísio dos Santos. Dezenas de estudantes, pesquisadores (incluindo os de outras universidades) e interessados frequentaram as reuniões. Muitos gostaram tanto que prosseguiram na carreira acadêmica e hoje atuam como docentes em universidades de outros estados no Brasil, onde outros grupos de pesquisa foram criados.

O professor Waldomiro Vergueiro afirma que “desde o início, as pesquisas no Observatório se dirigiram para a relação entre quadrinhos e educação. Escrevemos diversos artigos e alguns livros sobre o tema, ajudando, acredito eu, a divulgar os benefícios do uso de histórias em quadrinhos na educação. Não diria que interferimos diretamente nas políticas educacionais para o ensino fundamental e médio, mas avançaria afirmar que ajudamos a criar um ambiente favorável para a inclusão dos quadrinhos nas políticas governamentais, colaborando para diminuir algumas resistências quanto a isso. No meu contato com os educadores, vejo muitos deles ousando em aplicações maravilhosas dos quadrinhos em sala de aula, com resultados em geral muito significativos. E vejo também muitos educadores que se encontram indecisos quanto a como utilizar os quadrinhos, receosos de realizar aplicações que talvez não atinjam os objetivos pretendidos. A esses últimos temos tentado ajudar em palestras e cursos, mostrando alternativas possíveis de uso dos quadrinhos e incentivando-os a buscar seus próprios caminhos. Muito da indecisão desses educadores se deve ao desconhecimento sobre as especificidades das histórias em quadrinhos. Cabe a nós, pesquisadores e estudiosos da 9a Arte, dar-lhes os esclarecimentos a respeito”.

Ao longo dos anos o Observatório de HQs desenvolveu diversas atividades na área de pesquisa e divulgação de histórias em quadrinhos, tais como:

1- Criação do primeiro Curso de Especialização sobre Histórias em Quadrinhos, ministrado nos anos de 1991 a 1993, na Escola de Comunicações e Artes, com um total de 360 horas-aula, a iniciativa mais ambiciosa de curso exclusivamente voltado para o estudo de histórias em quadrinhos já realizada em âmbito acadêmico. Lamentavelmente, por razões operacionais, o curso deixou de ser oferecido;

2- Participação em Congressos Nacionais e Internacionais

3- Organização de palestras com artistas consagrados dos quadrinhos como Jerry Robinson e Will Eisner (EUA) e Cecílio Avilez (Cuba), colaboração em atividades como a Semana e Prêmio HQ Mix, auxílio na organização inicial da “Gibiteca Henfil”, da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo. Seus membros colaboraram com a elaboração e publicação de artigos sobre histórias em quadrinhos em revistas especializadas nacionais e estrangeiras. O grupo manteve por vários anos uma Lista de Discussão (Mailing List) sobre quadrinhos, publicou o “Boletim de HQ” (fanzine ganhador do 7º troféu HQ-Mix em 1994), colaborou no Salão Universitário de Humor de Piracicaba, entre outras atividades de resgate da memória da produção nacional dos quadrinhos;

4- Diversos livros foram publicados por editoras parceiras com o selo do Observatório de HQs da USP;

5 – Edita a revista acadêmica 9ª Arte: Revista Brasileira de Pesquisas em Histórias em Quadrinhos. Acesse em: http://www2.eca.usp.br/nonaarte/ojs/index.php/nonaarte/index

6 - Durantes as reuniões (colóquios) mensais do Observatório, discutimos os capítulos das mais diversas obras acadêmicas da área. Listamos a seguir os livros já analisados desde o início dos anos 2000:

- CIRNE, Moacy. Quadrinhos, sedução e paixão. Editora Vozes, 2000.
- BARBIERI, Daniele. As Linguagens dos Quadrinhos (Los lenguages del cómic). Ed. Peirópolis, 2017.
- MAGUNUSSEN, Anne. Comics Culture. Analitical and Theoretical Approaches to Comics. Museum Tusculanum Press, 2000.
- SCOLARI, Carlos. Historietas para Sobrevivientes. Ediciones Colihue, 1999.
- PUSTZ, Matthew J. Comic Book Culture: Fanboys & True Believers. University Press of Mississippi, 2000.
- WOLK, Douglas. Reading Comics: how graphic novels work and what they mean. Da Capo Press, 2006.
- DUNCAN, Randy e SMITH, Matthew. The Power of Comics: History, Form and Culture. Bloomsbury Academic, 2009.
- MAZUR, Dan e DANNER, Alexander. Quadrinhos: História moderna de uma arte global. WMF Martins Fontes, 2014.
- GROENSTEEN, Thierry. O Sistema dos Quadrinhos. Ed. Marsupial, 2017.
- HEER, Jeet e WORCESTER, Kent (eds.). A Comics Studies Reader. University Press of Mississipi, 2008.

De acordo com o vice-coordenador do Observatório de Histórias em Quadrinhos, Roberto Elísio dos Santos, “os fatores que mantêm o Observatório atuante são os fatos de ter um cunho acadêmico e, apesar disso, o clima de descontração e de informalidade dos encontros. As pessoas presentes participam - independente do fato de serem alunos de graduação, pós-graduação ou professores, fazendo perguntas, dando exemplos e tomando decisões. Diversos pesquisadores que vêm aos colóquios se dedicam à aplicação das histórias em quadrinhos no âmbito da educação, inclusive desenvolvendo pesquisas nessa linha”.

Questionado sobre o número de pesquisadores formados a partir do Observatório, o professor Waldomiro Vergueiro afirma que nunca fez o cômputo de quantos pesquisadores surgiram a partir das atividades do grupo: “Muitos vieram participar dos colóquios mensais e depois se inscreveram formalmente no mestrado e doutorado sob minha orientação na própria ECA/USP. Outros se dirigiram para outros programas de pós-graduação, desenvolvendo pesquisas sobre quadrinhos na área de Letras, Psicologia, Educação, etc. Sob minha orientação, tivemos pesquisas que enfocaram o papel do negro nos quadrinhos, a produção nacional dos quadrinhos Disney, a representação feminina nos quadrinhos, o potencial dos quadrinhos para ampliação do hábito de leitura, os quadrinhos protagonizados por animais, a aplicação dos quadrinhos no ensino universitário, entre outras temáticas”.


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[Foto 3] Discussões de livros sobre quadrinhos, exposições de TCCs, dissertações de mestrado e teses de doutorado são o foco do Observatório.

O Observatório está sempre aberto para as discussões dos temas em evidência. Desde as interações com outras linguagens, a inclusão dos quadrinhos na educação (livro “Quadrinhos na Educação: da rejeição à prática”, Waldomiro Vergueiro e Paulo Ramos, Ed. Contexto, 2009), as discussões envolvendo gênero e minorias, os novos formatos e tecnologias e o próprio mercado dos quadrinhos. Um espaço fundamental para informar, ampliar o debate e formar novos pesquisadores. A história dos pioneiros na pesquisa dos quadrinhos pode ser lida na obra “Os Pioneiros no Estudo de Quadrinhos no Brasil” (Editora Criativo, 2013).


Endereço: Departamento de Informação e Cultura, no 2o andar do prédio principal da ECA-USP. A ECA fica na Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Cidade Universitária, Butantã, São Paulo, SP. Conheça as datas de realização das reuniões na página do Observatório no Facebook.
         
 
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